22 de março de 2015

Zazen - 22/03/2015

Tudo o que vemos está constantemente mudando, perdendo seu equilíbrio. Por estarem fora de equilíbrio é que as coisas se mostram belas, mas o fundo em que se inserem está sempre em perfeito equilíbrio. Esta é a forma como as coisas existem na natureza de Buda: perdendo o equilíbrio sobre um fundo em perfeito equilíbrio.

Shunryu Suzuki Roshi

15 de março de 2015

Zazen - 15/03/15 - Comemoração dos quatro anos




Todos os seres sencientes são essencialmente Budas.

Como a água e o gelo – não há gelo sem água  – Sem os seres sencientes,

Não há Budas.

Em perceber quão próxima a verdade está, nós a buscamos muito além.



- Que lástima!



Somos como alguém no meio da água

Chorando desesperadamente de sede.

Somos como um filho de um rico homem

Que vagueia desnorteado na miséria.

A razão porque nós transmigramos

Através dos Seis Reinos é porque

Nós estamos perdidos nas trevas da Ignorância.



Indo cada vez mais fundo nas trevas da ignorância,

Como poderemos jamais nos liberar do nascimento-e-morte?

Mas quanto a prática Mahayana do zazen,

Não há palavras para elogiá-la plenamente.

Os Seis Paramitas, assim como a

Caridade, manutenção dos preceitos,

E várias outras boas ações

Como invocar o nome de Buda,

Arrependimento, e esforço espiritual,

Todos afinal retornam à prática do zazen.



Mesmo aqueles que sentaram-se em zazen apenas uma vez

Lograrão superar o karma.

Não mais eles irão encontrar maus caminhos,

E a Terra Pura não estará muito longe.

Se nós escutarmos mesmo que apenas uma vez

Com o coração aberto esta verdade,

A louvamos e alegremente a abraçamos,

Quão mais será possível então,

Se ao refleti-la profundamente em nós mesmos,

Nós claramente atingirmos a

Auto-realização,

Dando prova da verdade

De que Auto-realização é não-realização.



Nós iremos além da palavra fútil.

O Portal da unidade de causa e efeito

É assim aberto,

É não-dois,

Não-três,

Corretamente direcionados percorremos o Caminho.

Percebendo a forma da não-forma

Como forma,

Indo ou retornando

Não estaremos nós em nenhum outro lugar.

Percebendo o pensamento do

não-pensamento

Como pensamento

Cantando ou dançando,

Seremos a voz [e movimento] do Dharma.



Quão vasto e amplo

É o espaço sem fim do Samadhi!

Quão brilhante e claro

É a perfeita luz da lua das Quatro Nobres Verdades!

Neste momento o quê mais precisamos buscar?

Quando a eterna tranquilidade da Verdade

Revela-se a nós,

Este mesmo lugar é a terra dos Lótus

E este mesmo corpo

É o corpo de um Buda.



A Canção do Zazen - Hakuin Ekaku
Fonte: http://www.nossacasa.net/shunya/default.asp?menu=907

8 de março de 2015

Zazen - 08/03/2015

Um velho homem bêbado acidentalmente caiu nas terríveis corredeiras de um rio que levavam para uma alta e perigosa cascata. Ninguém jamais tinha sobrevivido àquele rio.

Algumas pessoas que viram o acidente temeram pela vida do homem, buscando desesperadamente chamar sua atenção. Mas, bêbado, ele se encontrava quase desmaiado.

Miraculosamente ele conseguiu sair salvo quando a própria correnteza o despejou na margem de uma curva do rio.

Ao testemunhar o evento, Kung-tzu (Confúcio) comentou para todas as pessoas que diziam não entender como o homem tinha conseguido sair de tão grande dificuldade sem luta:

"Ele se acomodou ao rio, não desesperou-se com ele. Sem pensar, sem racionalizar, ele permitiu que a água o envolvesse. Se entregando à correnteza, conseguiu sair da correnteza. Assim foi como conseguiu sobreviver."




Seguindo a corrente
Fonte: https://www.facebook.com/monge.komyo

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Comentário de Monge Kōmyō sobre o conto:
 

Não é fácil obter uma mente pacífica. O ensinamento é simples e cristalino, mas as paixões arraigadas em nossa mente condicionada nos levam de roldão no fluxo intenso das consequências de nossas ações.

Homens e mulheres sábios apontam o caminho, nós os admiramos e buscamos coragem para trilhar a senda, mas o rio implacável da existência nos dá medo. E então desesperamos.

Diante da avassaladora força dos acontecimentos, pensamos que a saída está em lutar e resistir, recusar-se a aceitar outra opção senão o conflito. A mente ignorante vive uma guerra épica contra a Impermanência. E perde todas as batalhas, de um modo ou de outro.

Os praticantes do zen vivem um sério dilema; pois a essência da prática está em render-se, deixar ir, permitir que a consciência flua sem resistência, plena, incondicionada.

A ignorância, como um demônio sedutor, sussurra em nossa mente: “Desespere! Odeie! Cobice! Reprima! Não perca o controle". Contudo, a verdade ancestral – aquela que passamos a vida escondendo de nós mesmos – é que não há como controlar a dinâmica da existência.

Não é fácil obter uma mente serena. Mas é totalmente possível atingi-la, se vivermos com sensibilidade e fluidez. Estamos todos, sem exceção, mergulhados no rio implacável -- mas também generoso em opções -- do tempo.

A vida sempre nos oferece oportunidades. Se soubermos escolher com clareza, se soubermos entender o sentido da aceitação, seremos capazes de viver sem conflitos.

E ao final de tudo (quem sabe) descobriremos que a guerra não existe, exceto nas ilusões de nossa própria insegurança.

Monge Kōmyō


1 de março de 2015

Zazen - 01/03/2015



Um discípulo foi ao seu mestre e disse fervorosamente:


"Eu estou ansioso para entender seus ensinamentos e atingir a Iluminação! Quanto tempo vai demorar para eu obter este prêmio e dominar este conhecimento?"

A resposta do mestre foi casual:

"Uns dez anos..."

Impacientemente, o estudante completou:

"Mas eu quero entender todos os segredos mais rápido do que isto! Vou trabalhar duro! Vou praticar todo o dia, estudar e decorar todos os sutras, farei isso dez ou mais horas por dia!! Neste caso, em quanto tempo chegarei ao objetivo?"

O mestre pensou um pouco e disse suavemente:

"Vinte anos."


Trabalhando Duro


Comentário de Monge Daitetsu sobre o conto: 
Enquanto houver um EGO trabalhando duramente para ADQUIRIR a iluminação, ela não ocorrerá. É preciso aprender a esquecer-se de si mesmo ...
Imagem: Monge Daitetsu